Arquivo | abril, 2012

Alzheimer e o telencéfalo

18 abr

O núcleo basal de Meynert é de difícil visualização macroscópica.Situado na base do cérebro é constituído por agregados neuronais colinérgicos que se dispõem desde a região septal-banda diagonal da porção fronto-basal até a porção mais caudal do globo pálido. Ele é denominado como sinônimo de substância inominata ou núcleo da substância inominata. O núcleo basal de Meynert recebe as suas aferências principalmente das áreas corticais que compõem o grande lobo límbico e se projetam difusamente sobre o córtex cerebral.

Segundo Sereniki et al (2008) há duas hipóteses para sua etiologia.A primeira seria que a neurodegeneração na doença de Alzheimer inicia-se com a clivagem proteolítica da proteína precursora amilóide e resulta na produção, agregação e deposição da substância β-amilóide e placas senis.Já a hipótese colinérgica defende a teoria de que a disfunção do sistema colinérgico é suficiente para produzir uma deficiência de memória em modelos animais, a qual é semelhante à doença de Alzheimer. A disfunção colinérgica está envolvida nas alterações de memória, aprendizagem, atenção e outros processos cognitivos comuns afetados nesses pacientes,uma vez que estes núcleos são responsáveis pela produção de acetilcolina, um neurotransmissor mediador da atividade cognitiva.

A doença de Alzheimer é a patologia neurodegenerativa mais freqüente associada à idade (geralmente após 60-65 anos),apesar da mesma ser um dos poucos fatores de risco. Estudos de observação mostram que um estilo de vida saudável, repleto de atividades intelectuais, pode adiar o surgimento da doença, mas não impedir a sua manifestação.

As manifestações cognitivas e neuropsiquiátricas resultam em uma deficiência progressiva e uma eventual incapacitação.A destruição dos neurônios começa no hipocampo, área cerebral onde ocorrem o armazenamento das memórias recentes e o processo de aprendizagem Em geral, o primeiro aspecto clínico é a deficiência da memória recente, enquanto as lembranças remotas são preservadas até um certo estágio da doença.

Além das dificuldades de atenção e fluência verbal, outras funções cognitivas deterioram à medida que a patologia evolui, entre elas, a capacidade de fazer cálculos, habilidades vísuo-espaciais e a capacidade de usar objetos comuns e ferramentas. O grau de vigília e a lucidez do paciente não são afetados até a doença estar muito avançada. A fraqueza motora também não é observada, embora as contraturas musculares sejam uma característica quase universal nos estágios avançados da patologia.

Sabe-se que duas proteínas contribuem para o seu aparecimento – a tau e a beta-amiloide – responsáveis, respectivamente, pela estrutura celular e pelo transporte de gordura para o núcleo das células. Produzidas em grandes quantidades, nos doentes de Alzheimer, elas se depositam ao redor e no interior dos neurônios, sufocando-os. Quanto maior o número dessas células atingidas, mais severa é a deterioração das funções cerebrais.

Para se diagnosticar a doença de Alzheimer é necessário que, além do comprometimento da memória, ocorra pelo menos mais um déficit da função cognitiva, como linguagem, atenção seletiva e dividida, e funções executivas, e essas informações só podem ser obtidas por meio de avaliações diretas com o paciente ou com entrevistas realizadas com o cuidador(Azevedo et al,2010).

Referências Bibliográficas

AZEVEDO, Patricia Gomes de et al . Linguagem e memória na doença de Alzheimer em fase moderada. Rev. CEFAC,  São Paulo,  2010 .

MACHADO,A.Neuroanatomia Funcional.ED.Atheneu,2ª Ed,São Paulo.

SERENIKI, Adriana; VITAL, Maria Aparecida Barbato Frazão. A doença de Alzheimer: aspectos fisiopatológicos e farmacológicos. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul,  Porto Alegre,  v. 30,  n. 1,   2008 .

VENTURA, Ana L. M. et al . Sistema colinérgico: revisitando receptores, regulação e a relação com a doença de Alzheimer, esquizofrenia, epilepsia e tabagismo. Rev. psiquiatr. clín.,  São Paulo,  v. 37,  n. 2,   2010 .  

A mídia e o idoso

18 abr

Os valores morais seriam  criações circunstanciais de determinados contextos culturais, mas ,basicamente permanece a idéia de Protágoras que dizia “o homem é a medida de todas as coisas” , ou seja, o homem cria suas opiniões de acordo com seus interesses.

Na linha de pensamento inaugurada por Sócrates e Platão fica estabelecido que o homem tem uma natureza moral,um fim(que é a felicidade que sempre anda junto com o prazer ou pelo menos com o prazer desmedido)e para cumpri-lo deve realizar-se moralmente.

A mídia não reflete os valores e idéias da sociedade primeiramente porque nossa sociedade é múltipla e nem todas as correntes ideológicas e sócias estão presentes na mídia.A comunicação de massa é dirigida pelo capitalismo, que trabalha com o lucro como valor supremo, portanto o “bem” não é visto como retorno social – boas noticias quase nunca ocupam jornais e televisão.

Dentro dessa distorção da mídia vê-se claramente como o idoso pode ser prejudicado, numa exploração de seus problemas.É obvio que a mídia não deve renunciar ao seu papel principal que é o de denúncia, mas tem que ter cuidado para que as vítimas não se tornem caricaturas.

Em segundo lugar a subjetividade de quem se comunica jamais é abolida.Prazer físico, beleza corporal e desempenho sexual são considerados fontes infalíveis de felicidade.

Existe uma dificuldade notável de lidar com fatos naturais como a velhice, por exemplo, enfatizando as “supostas fontes infalíveis” em demasia.

Há a necessidade de procurar valores que correspondam às necessidades morais do homem.O jornalista, como educador, não deve apenas seguir os modismos, mas sim exercer sua liderança em função de um futuro mais digno à comunidade.

Algumas iniciativas aparentemente pretendem proteger e melhorar a situação do idoso, mas tem caráter paternalista, tratando-o como um mendigo de respeito e consideração.Em vez do tom separatista da 3ª idade, seria mais interessante propor uma integração geracional.

A valorização do idoso pó vezes se confunde com demagogia , que tenta disfarçar o real e natural declínio físico da velhice.Trata-se, ao invés, de reconhecer o valor de um ser humano não reside em seu desempenho físico,mas em seus talentos individuais.