A escritora septuagenária, Isabel Allende, já publicara El Sexo y Yo[1] e acaba de publicar Amor, onde, em um de seus contos, diz de forma franca e divertida de sua experiência na sexualidade
[1] El Sexo y Yo é uma cronologia exaustiva das relações de Isabel Allende com o sexo, indo desde uma confissão precoce aos cinco anos até sua atual condição de avó. Com acesso livre, on line, em: http://www.clubcultura.com/clubliteratura/clubescritores/allende/homeallende/sexo.htm
“Neste momento das nossas vidas, Willie e eu estamos num desses umbrais, o da maturidade, quando quase tudo se deteriora: o corpo, a capacidade mental, a energia e a sexualidade. Que diabo nos aconteceu? (…) Certa manhã nos vimos despidos no espelho grande do banheiro e ambos nos sobressaltamos. Quem eram aqueles velhinhos intrusos em nosso banheiro? Nesta cultura, que supervaloriza a juventude e a beleza, são necessários muito amor e alguns truques de ilusionista para manter vivo o desejo pela pessoa que antes nos excitava e agora está achacosa e gasta. Em minha idade respeitável, na qual me dão desconto no cinema e no ônibus, tenho o mesmo interesse de sempre pelo erotismo. Minha mãe, que completou 90, diz que isso nunca acaba, mas é melhor não espalhar, porque o resultado é chocante; supõe-se que os velhos sejam assexuados, como as amebas. Por dentro Willie [William Gordon, com quem está casada há 26 anos] não mudou, continua sendo o mesmo homem forte e bom por quem me apaixonei. Por isso estou empenhada em manter acesa a paixão, embora já não seja o fogo de uma tocha, mas a chama discreta de um fósforo. Outros casais da nossa idade exaltam os méritos da ternura e do companheirismo, que substituem o alvoroço da paixão, mas já avisei a Willie que não pretendo substituir a sensualidade por aquilo que já tenho com a minha cachorrinha. Ainda não…”